Passo a Passo, Pé no Chão

Carta a meu Pai

Meu querido Pai, esta é a primeira vez que te escrevo. Não verás as palavras, mas sentirás, onde estiveres, a vibração das mesmas. Nossos corações estão neste momento unidos, por isso será simples, basta que me eleve até ti. É isso que faço neste instante. Imagina tu, que nem sei bem por onde começar. Eu, uma mulher de palavras. Talvez porque aos sentimentos mais sublimes não chegam palavras, ditas ou escritas. Eles, quando sentidos, fazem apenas disparar o coração, e o meu disparou, no segundo em que decidi colocar no papel o que nunca te disse antes. Quero agradecer-te, primeiro, por me teres aceite como filha e por tudo o que me transmitiste. Esse é o teu legado que honro neste meu caminho. Depois dizer-te que embora tenhas tido muitos momentos de ausência, que entendo hoje, deste o melhor de ti. Nem sempre foi assim. Muitos foram os anos que me mantive zangada e perdida. Essa sensação estranha de abandono que me assolava os dias. Mais tarde tentava em cada coisa que fazia dar-te motivos de orgulho. Não precisava tê-lo feito. Agora sei que o teu amor por mim foi sempre grande, tão gigante, que na maioria das vezes não cabia no teu peito, só não sabias demonstrá-lo de outra forma. E sabes, hoje, passada a dor, ficou o que mais importa, ficou o amor. Com a partida deste plano fiquei triste, magoada e só há pouco tempo aceitei a tua inesperada viagem. Sinto muitas vezes a tua presença. Ás vezes subtil, outras porém, bem marcada por um intenso cheiro a rosas. Quando isso acontece reservo-me no espaço e no tempo e choro pelo abraço que sinto. É verdade que sinto saudades tuas, mas também sei, que um dia se nos permitirem, o reencontro acontecerá. Confesso-te que às vezes te sinto presente num dos teus descendentes, mas não dedico o meu tempo a descobri-lo, apenas sinto. Sinto e pronto. De qualquer forma quero dizer-te que estou a fazer o melhor que sei nesta missão maior que me delegaste. Tu sabes dos momentos bens desafiadores que enfrento, mas também sabes que sou mulher de desafios e que de ti herdei essa força de viver. Lembro-me de ti sempre. Recordo todos os momentos de passamos juntos, dessa tua natural sapiência em comunicar, desse teu sedutor sorriso e também desse teu lado desprendido. Talvez por isso a tua alma tenha decidido partir tão cedo. Honrarei o teu legado, mas sobretudo, pai, honrarei o nosso amor.
Até um dia Pai.

Filomena 

Março de 2017


Sentir e Ser Plenitude

Plenitude significa "completo, pleno ou cheio. É o estado daquilo que foi feito na totalidade, que atingiu a avaliação ou medida máxima". Então, perante esta definição, o que será viver em estado de plenitude espiritual? Não existe nada de sobrenatural nesta questão, nem tão pouco existem regras, normas ou preceitos para se viver em estado de plenitude. A única matriz que se impõe, a quem quer sentir-se pleno, é "VIVER". Só assim conseguiremos tornar este tão desejado e almejado estado, numa verdade transparente. Quando isso acontece estaremos em sintonia com o Universo, pois estaremos e seremos plenos, completos. Para vivermos de forma "total" precisamos aprender a aceitar toda a polaridade nossa e do outro. Sim porque, de certa forma, todos somos bipolares. Se não vejamos, todos somos luz e sombra, mesmo que defendam o contrário, branco e preto e uma multifacetada diversidade de cores. Todos somos emoção e razão, mente e coração. Só existe algo maior onde esta dualidade não se impõe, a alma. E embora todos sejamos almas vivendo uma experiência terrena, todos, fazemos parte de uma Grande Alma Universal. Quanto maior for a capacidade de vivermos plenos, maior será o nosso crescimento e evolução. Quanto menor for essa vontade, mais distantes estaremos de honrar o propósito maior desta existência terrena - VIVER. Fazê-lo de forma intensa, consciente, em constante aprendizado, com sabedoria e humildade. Exaltando os estados de gratidão e compaixão iremos, certamente, fortalecer todos os valores que enaltecem o Ser Humano. Mas para que este caminho se torne claro e com a leveza que se pretende, não podemos esquecer da chave mestra, aquela que abre portas, descortina horizontes, amplia a visão e estimula o coração, o autoconhecimento. Convém lembrar que este é um processo contínuo, diário, que se aprimora em cada ciclo de vida. É pelo menos esse, um dos objectivos de cada uma das nossas reencarnações. Fazer diferente, para Ser melhor. É este trabalho de "lapidação interna", de cura pelo amor, que irá permitir a cada um, descobrir o que necessita para atingir o seu verdadeiro estado de plenitude. Depois de dissecado o simples significado da palavra "pleno" e do estado de "plenitude", porque será que teimamos em separar as águas, apenas porque achamos que o estado de plenitude "espiritual" é algo diferente, difícil de atingir e onde só alguns conseguem chegar? Não é. Nada tem de diferente, nem tão pouco é passível de divisão ou classificação. É simples percebermos que cada um de nós não é somente o corpo físico que todas as manhãs se vê e olha no espelho. Essa é a embalagem, o invólucro, do qual é primordial gostarmos, respeitarmos, porque é o único que teremos durante esta, nossa, passagem por aqui. Este corpo físico que nos transporta, comporta as nossas emoções e os nossos pensamentos, fazendo de nós seres emocionalmente inteligentes. Mas o que nos dá vida, o que alberga toda a nossa sabedoria milenar, nossas dores, nossos amores, nossos projectos, nossos afectos e desafectos é a nossa alma, nosso espírito. Por isso somos todos Seres Espirituais num corpo físico e não o contrário. Então a plenitude espiritual nada mais é do que aprendermos a equilibrar todas estas forças, física, mental e emocional e sustentarmos esse equilíbrio com amor, em amor. Seremos Plenitude quando nos conhecermos de dentro para fora. Viveremos, então, em estado de totalidade, curando e celebrando cada momento, agradecendo por cada sopro de ar. Serás pleno quando te sentires completo. Serás totalidade quando te sentires e viveres em plenitude.

Filomena de Paula

in Revista Progredir - Fevereiro de 2017

Preciso que te lembres


Lembra-te que não precisas remar quando as águas estão turbulentas, vais apenas desgastar-te de forma inglória. Pára, ouve o teu coração e o teu corpo. Eles são sábios e quando nos silenciamos, todas as respostas ficam claras, muito claras. A mim a reflexão ensina-me que os meus sonhos são eternos e que ninguém me vai demover de os concretizar. Eles dependem de mim, da minha vontade e das minhas escolhas. Com isso não irás certamente agradar a gregos e a troianos, mas ficarás, certamente feliz e mais completo. Não alinhes em meias verdades, porque não existem meias verdades. Não faças pactos com ninguém que não esteja contigo de coração. Compromete-te a fazer o melhor e certamente, será o melhor que sabes. Muitos irão deixar o teu caminho. Agradece pelo fantástico aprendizado com que te presentearam. Muitos irão chegar e partir quase que instantaneamente, será o aprendizado necessário para ambos. Outros irão ficar, até acharem que o devem fazer. Outros ficarão contigo pelo caminho do amor e da verdade e estarão contigo incondicionalmente. Abre-te para o mundo com a certeza que és maior, com a humildade de aceitar o que vem e o que vai. E grato, muito grato, por estares vivo e teres a oportunidade de fazer a diferença, pelo menos para ti. Essa será a garantia que terás. O resto não depende de ti. Não mudarás o mundo de ninguém. Muda o teu, pelo exemplo alguém se inspirará, se essa for a sua escolha. 

Filomena de Paula 

Fevereiro de 2017

A volta a casa


Um dia todos voltaremos a "casa". Tu e eu somos apenas viajantes nesta terra. Daqui partiremos e aqui voltaremos tantas vezes quantas as necessárias para evoluirmos. Esta consciência faz de cada um de nós possivelmente seres mais atentos. De todo o aprendizado, é bem possível que o mais desafiador seja "relativizar", olhando para os acontecimentos como etapas, para as pessoas que entram, saem e permanecem em nossas vidas como os nossos verdadeiros mestres. A sua presença irá certamente ser o "trampolim" que accionamos para "refazer" ou fazer diferente e seguir viagem. Quando aceitamos tudo isto apenas um sentimento impera, gratidão. O caminho será feito de rectas, curvas e contracurvas. Um dia chegaremos ao alto da montanha para que possamos contemplar a beleza dos vales e quando estivermos no seu sopé iremos aprender a levantar o olhar para nos emocionarmos com o brilho do sol e das estrelas. Entre um ponto e outro mais vale disfrutarmos da viagem. Afinal este foi um "bilhete" que compramos muito antes de aqui voltarmos. Mas um dia todos regressamos a "casa". A casa que nos viu partir. Lugar de onde nos lançamos ao mundo, escolhendo pai, mãe, país, amigos, amores e desamores. Aqui e agora aprendemos que somos mestres e aprendizes, que nada nos coloca em lugares diferenciados, que apenas podemos fazer por nós e que só depois podemos inspirar outros. Que só podemos ajudar quem de facto quer ser ajudado. Que a porta está aberta, passa por ela quem quer, arrisca e se atreve. Que cada um tem o seu tempo, suas escolhas e que tudo está certo, sempre certo. Que todos estamos ligados, independente do que muitos possam pensar. Que cada individualidade caminhará para um todo universal. Que caminhamos cada vez mais no trilho do silêncio, porque só ai a alma se movimenta livremente. Que a palavra precisa ser cada vez mais verdadeira, sem discursos ou demagogias. Aqui e agora teremos a única possibilidade de sanarmos nossos afectos e alimentarmos nossos corações. Porque no dia em que regressarmos a "casa" levaremos apenas o que somos em essência, levaremos Amor, porque somos Amor.

Filomena de Paula

Janeiro de 2017


Dezembro 2016

Não te assustes com o novo ano. Não tenhas medo dessa nova energia, desse novo tempo que se aproxima. Celebra, dá-lhe as boas vindas e abre o teu coração. Não lhe peças nada, não coloques nesta "criança" que agora surge a responsabilidade das tuas expectativas. Aceita o que vier mesmo que não seja o que esperas. Não leves a Vida tão a sério. Tem mais graça se lhe achares "piada". Aprende a relaxar, a receber e a aceitar pessoas e circunstâncias. Não coloques a fasquia alta de mais. Lembra-te que no merecimento o acontecimento. Aceita o que te chega do outro, mesmo que não te revejas. Afinal ele está a dar-te o que melhor sabe. Não esperes dele mais do que isso. Harmoniza-te, sustenta essa energia e segue em frente. Escuta com o coração e respeita o que a tua Alma designou para ti. Renasce a cada dia, resgata o melhor de ti.

FELIZ 2017. BOAS VIBRAÇÕES!

Um forte abraço

Filomena de Paula

(foto site Personare)


Valerá a pena


Não conseguirás amanhecer para um novo sonho se não acordares do que te liga ao passado desmesuradamente. Há coisas que "carregas" que precisam ser dissolvidas na água sagrada do perdão, começando pelo que insistes em não te perdoares. Enquanto caminhares de olhos postos no chão dificilmente irás perceber o que se passa à tua volta e arriscas-te a esbarrar com o lixo que te colocam na frente. Levanta a cabeça, assume quem és, orgulha-te disso e não tenhas medo de arriscar. Deixa de andar somente pelo caminho que conheces ou simplesmente não vais perceber a beleza de outros caminhos, de encontrar "novas" pessoas e a oportunidade de reencontrares rostos, cores, texturas e cheiros que julgavas perdidos. É necessário para ti que o faças. Esta é a oportunidade de garantires que irás cumprir tudo a que te propuseste antes da tua reencarnação. Esta é a chance de honrares a tua vida tal como a escolheste. Não temas os desafios porque eles são escolhidos por ti. Não temas o que de bom te chega, porque também isso tu decidiste merecer. Deixa que o desconforto fale contigo, sem medo, sem preocupação. Permite que o sorriso se instale no teu coração depois do período de tristeza. Seca as lágrimas e aprende a sentir o que tudo isso te quer dizer. Lembra-te que, se te desconforta e não sabes porquê, é algo que trazes nas tuas memórias da alma e que esta, apenas te chega porque estás preparado para a receber, lidar com ela e aceitá-la. Só assim iniciarás o processo de cura que tu mesmo esperas de ti. Seguirás pelos trilhos que desenhaste bem lá atrás. Não o faças com expectativa. Usufrui deles como se fosse a primeira vez que os percorres. Irás receber cada reencontro como se fosses um aprendiz, libertando o tanto de mestre que há em ti.

Filomena de Paula

Dezembro de 2016

Alma


Tua alma te indicará o caminho certo sempre. Basta que saibas escutar! Ela é o teu alicerce de vida, o ser divino, a tua verdadeira inspiração. Só a alma contempla e escuta, despertando em nós o respeito, a alegria, a consciência, a gratidão. Só ela equilibra o que a mente muitas vezes desequilibra. O nosso despertar de consciência começa quando conectamos alma e mente, deixando que o coração exalte esta sabedoria de luz. Cada alma traz consigo o dom de escrever a sua história e o compromisso é fazê-lo com Amor. Ela conhece a tua missão de vida e só não a encontras quando permites o afastamento entre os teus "corpos". Não andes preocupado em alcançar o reino dos céus, nem te preocupes de forma exacerbada com o corpo, basta que o respeites, afinal ele o único veículo que tens nesta consciência física. O corpo alimenta-se de "pão" e a alma de "rosas". Cumpre-nos equilibrar os dois pólos de forma saudável e tranquila. Precisas acreditar e aceitar, nesse despertar, que tudo acontece nas nossas vidas por um bem maior - o nosso. Pode até parecer descabido quando falamos de circunstâncias bem desafiadoras e dolorosas. Mas não, provavelmente acontecem para que tu percebas o quanto estás desviado do traço original, afastado de ti mesmo ou apenas para que retomes o propósito pelo qual aceitaste voltar. Por isso te peço, fica atento. Não faças da tua passagem por "aqui" um equívoco. Não te limites a preambular pela tua existência. Irás andar triste, desiludido, perdido, com essa sensação de vazio imenso, permitindo a manipulação. Desconhecerás o amor-próprio, pintarás a vida apenas com duas cores e pior de tudo, dificilmente, descobrirás o amor que és e o que vieste cá fazer. Peço-te, não faças isso. Não te arrastes pela Vida. Ninguém te obriga a isso. Precisas apenas erguer a cabeça, sentir o que teu corpo fala quando a tua alma silencia e não a consegues escutar. Precisas Ser, simplesmente. Nada mais do que isso. Assim é! 

Filomena de Paula

Novembro de 2016

Histórias de um dia


Cai a noite na cidade. Naquela paragem de autocarro algo acontecia de diferente, fora dos desabafos de pessoas que querem regressar rápido a casa, que se encolhem com o frio que o entardecer já revelava. Um homem idoso e só, meio desfalecido, sem norte e de olhar vazio. Rodeado de gente que tentava ajudar, mas que no meio da confusão apenas se atropelavam. Os seus olhos revelavam um pedido de socorro. Não pelo mal-estar físico, mas pela solidão que sentia. Perguntei-lhe o nome. Olhou-me perdido e no meio de tanto alvoroço segurou-me a mão e disse: Chamo-me Jorge e já não tenho pai nem mãe. Nem me questionei, peguei no telefone e accionei o INEM. Precisava de ajuda imediata pois para além do estado de solidão bem visível, também as marcas físicas de uma queda aparatosa estavam bem patentes. Tentei acalmá-lo na sua calma aparente e disse-lhe: Já vem tratar de si. Não quero ninguém. E não queria mesmo, apenas precisava sentir o carinho e atenção que há muito tinha desaparecido da sua vida. Esse era o seu mal maior. Não podia fazer mais nada, pelo menos naquele momento. Sabia que tinha feito a diferença por escassos minutos na vida de alguém. Com a chegada dos médicos retirei-me de cena. Fiquei atenta aos dados que lhe pediam e registei o seu contacto. Jorge disse-lhe, amanhã ligo-lhe para saber com está. Menina, gostei de falar consigo, obrigado. Entrei naquele autocarro emocionada e sim amanhã vou falar-lhe de novo. Aquele corpo envelhecido precisava de ajuda, mas não era essa a sua maior maleita. Estava só e isso sentia-se.

Filomena de Paula

Novembro de 2016

Nossa dança


Podes até estar em silêncio...mas dança comigo! Segura a minha mão e acompanha-me nesta dança. Juntos, vamos descobrir os teus desejos e sonhos mais profundos. Mostra-me como vives a dor dentro da tua dor, só assim descobriremos como és, de dentro para fora. Mostra-me como te afastas do nefasto, como não te abandonas a ti mesmo quando te magoam ou não te sentes amado. Conta-me a tua história e juntos, vamos descobrir o teu caminho. Corre o risco e mostra-me a tua ousadia de guerreiro. Mostra-me que não tens medo de ir ao outro lado de ti e que a tua criança é honrada com risos e dança. Mostra-me que também tu, no agora, és capaz de dançar, mesmo que em silêncio. Juntos, honraremos a tua vida e o teu legado. Serás o meu reflexo e eu o teu. Não te poderei amar, sem me amar primeiro a mim. Embora a tua dor não seja a minha, se te magoar irei também magoar-me. Fecha os olhos, sem fugires de ti, e deixa-te levar pelo coração. Será uma dança de almas, às vezes sem toque, onde o afecto nos envolve. Vem, não tenhas medo, segura a minha mão e juntos, dançaremos até que as nossas histórias se entrelacem, os nossos passos se acertem e os nossos sorrisos se encontrem. 

Filomena de Paula

Outubro de 2016


Os teus passos


Seres forte, guerreiro, focado, assertivo não faz de ti uma pessoa insensível e nem será assim, certamente o tempo todo. Tu também descansas as "armas", também fragilizas e te perdes. Tudo é natural e tudo faz parte. É esta dualidade que faz de ti um ser humano completo. Mostra com o mesmo orgulho as lágrimas e o sorriso, a alegria e a tristeza, a luz e a sombra, a vontade e a inércia. Nenhum de nós é uma coisa só, se o for, não é seguramente alguém de carne e osso. Só alguém humilde deixa rolar a emoção e só uma pessoa consciente gere as suas emoções de forma inteligente. O que te coloca num lugar que não é teu, nem de ninguém, é o fazeres de conta para ti mesmo e para o mundo que tudo são rosas, que não tens desafios, que não quebras a pose, não sais do salto. O que te mantém no "salto" é não teres medo de te mostrar tal como és. Isso é o que te credibiliza aos olhos de quem te vê e se inspira. O que te move é, depois de cada "tropeço", voltares ao acerto, de cabeça erguida, respiração firme, munido de mais um aprendizado e com a certeza do muito que precisas ainda aprender. O que fores para ti, serás para o mundo. Cada passo que deres, cada partilha que fizeres, cada inspiração que provocares irão acontecer de forma lúcida e transparente. Não te escondas de ti mesmo, se o fizeres dificilmente te assumirás na tua plenitude. Só quando aceitas esses dois "lados" de ti caminhas feliz, és feliz. Até porque o teu Todo é Amor, sempre foi e sempre será. 

Filomena de Paula

Setembro 2016

Sem atropelos


Tens no coração um punhado de certezas e seguras nas mãos algumas dúvidas. Sentes tantas vezes esta bipolaridade na alma que chegas a colocar em causa se o caminho está certo. Não duvides, tu sabes bem o que vale e o que não vale a pena manter junto a ti. Não coloques na balança a tua vontade suprema, porque ela não se pesa, não se mede apenas se sente. E tu sabes bem o que te faz sentir maior, feliz e completo. Não esperes agradar a todos, entrar em sintonia com quem, simplesmente, não sabe o que te impele, o que te acalenta ou te move. Talvez desconheça até o que é sintonia. Não te preocupes com o que não merece o teu foco. Não precisas desgastar a tua força, desacreditar o teu poder pessoal ou delapidar o tesouro que tens dentro de ti, só porque alguém não chegou ainda até ti ou entendeu a mensagem que partilhas com o mundo. Se o fizeres estarás a dar-lhe poder, um poder que ninguém tem. Podes sustentar nas tuas mãos o teu coração porque certamente, te fará a melhor das companhias. É tempo de seguires adiante, sem dúvidas, sem medos. Lembra-te que o Sol e a Lua coexistem sem atropelos. Ambos tem consciência da sua beleza, da sua harmonia, do seu papel e do seu poder. Coloca-te de volta no trilho que traçaste para ti. Deixa que tudo te sirva de aprendizado. Aceita que haverá sempre pessoas um passo atrás do teu, um passo à tua frente e que por isso não precisas diminuir ou aumentar a tua marcha. Mantém o ritmo e a teu lado caminhará quem estiver contigo. Inspira-te e inspira. Só assim a tua vida não se tornará num equivoco. 

Filomena de Paula

Setembro de 2016


Amo-te pois então


Hoje faço questão de me repetir. Sim! Faço questão de te dizer mais uma vez que te Amo. Relembro-te para que não te esqueças. Farei isso tantas vezes, diariamente até, para que esse sentimento te corra nas veias, faça parte do ar que respiras e do chão que pisas. Hoje faço questão de te ver um sorriso, te abraçar no meu abraço, te acolher no meu regaço. Faço questão de te mostrar que tens vontade de ouvir palavras doces, que não precisas julgar-te por isto ou aquilo, por tudo ou por nada. Faço questão de me repetir, para que comeces a sentir que és merecedora do melhor, que és a melhor. Hoje faço questão em dizer-te que estaremos sempre juntas e mais vale por isso aceitares-me, respeitares-me e amares-me. De nada te adianta baixar a cabeça, fazer cara feia, porque eu faço questão de tocar o teu queixo, levantá-la e achar-te sempre bela. Sim faço questão em lembrar-te, sim a ti que vejo refletida no espelho todas as manhãs. 

Filomena de Paula

Setembro de 2016

Ousa


Gostaria de te pedir para seres ousado. Atreve-te hoje a fazer algo que nunca fizeste, a sorrir para quem não conheces, a entrar onde nunca ousaste, a caminhar por onde nunca o fizeste. Só quando sais da tua rotina percebes que existem novas oportunidades ou simplesmente que há sempre um detalhe que te escapou. Se estás de volta ao trabalho, experimenta ir por um caminho diferente e contempla o que encontras. Caso isso seja desafiador, experimenta apenas olhar para o céu, para o horizonte ou num relance observar o que até ao momento te escapou do olhar. Vais sentir que, encontrarás, se assim o permitires, a beleza do diferente. Um pequeno passo rumo à mudança fará toda a diferença. Não esqueças que "toda a caminhada se inicia com um primeiro passo". Mudar não significa alterar o mundo de ninguém, mas apenas o teu. Depois disso tudo à tua volta será diferente. Sentirás e vibrarás diferente. Os teus olhos ganharão vida e o teu coração conhecerá um novo estado. Os batimentos da tua alma serão despertados por esse novo respirar. 

Filomena de Paula

Agosto de 2016

Os teus silêncios


Senta-te com o silêncio, aquele que as tuas palavras não te deixam ouvir. Aquieta os sons em turbilhão, sente o coração e respira. Respira o teu silêncio. Viaja por entre vales e colinas, sentindo o verde, o azul, as cores pálidas e vivas do teu silêncio. Se estiveres atento vais perceber o ar que ele emana, a sabedoria nele contida, a vida que nele se expressa. Aquieta-te, reclina-te e contempla. Coloca a mão no peito, respira fundo e descansa. Aproveita o teu silêncio, não te assustes com ele. É na energia dessa quietude que te encontras, reencontras e te descobres. Fecha os olhos se for mais fácil para ti. Sente o vento que te embala, o sol que te acalenta, o arrepio que te invade. Sente, sente o teu silêncio. Acolhe-o, recebe-o, aceita-o. Ele é também a expressão da tua alma. É ele que te permite escutar o cair da noite e o nascer do dia. Deixa-te guiar por ele, ambos saberão onde ir, sem desgaste, sem expectativas, sem anseios. Juntos reconhecerão todos os atalhos, todos os percursos, todos os gestos, afectos e desafios. Quando fizeres tudo isto verás como o teu silêncio te acolhe, envolve e te liberta. 

Filomena de Paula

Agosto de 2016 

Real e Virtual


Porque nos ligamos hoje mais ao "touch" do que ao toque? Porque nos revelamos tanto virtualmente e tão pouco na vida real? Esta semana o nascimento do meu sobrinho Gustavo fez-me uma vez mais reflectir sobre isto. O toque e o afecto são reais, não virtuais. São eles que nos permitem descobrir os cheiros, as emoções, são eles as ferramentas terrenas do Amor. Só quando toco me permito sentir e faço sentir. O abraço, o olhar, o contemplar são formas de toque. Esse gesto tão pequeno que vai desencadear um mar de emoções, fazendo-nos sentir vivos. Sem toque eu não vivo, apenas sobrevivo. Por isso eu gosto tanto de abraços. Ele envolve, aconchega, une, desperta. Um abraço é talvez o maior e mais completo gesto de amor. Então porque é que a maioria tem medo do amor? O toque ao contrário do touch não esconde, revela, expressa-se e não cala. Chora, sorri movido pela sensação quente de pele e não pela frieza de uma "tela". O toque junta vivências, partilha experiências, desperta olhares e silêncios, sem precisar de aprovação. O toque impulsiona o respirar, renova a vida. É com ele que aplaudimos ou rejeitamos o que verdadeiramente nos incomoda. Só ele demonstra os nossos afectos. Talvez fosse bom investirmos mais no "toque" do que no "touch". No primeiro somos nós verdadeiramente, no segundo somos aquilo que os outros gostam de ver em nós. Deixemos, pelo toque, aflorar nossas sensações e despertar nossos sentimentos. Quando "toco" estou no caminho do Amor.  

Filomena de Paula

Agosto de 2016


O teu momento


É preciso coragem, vontade e sentir no coração que é chegado o momento. Qual momento? Aquele segundo ou minuto em que, finalmente, escutamos a alma e acreditamos que tudo é possível. Que apesar de todos os desafios e das circunstâncias nada impera a não ser a nossa vontade. Foco, força e fé. Há quem lhe chame a técnica ou filosofia dos três "F´S". Para mim não importa o nome que tem. Quando direccionamos a nossa vontade e abrimos o coração, a força, a perseverança, que sempre estiveram lá, acolhem os nossos mais profundos desejos. É chegado o momento, aquele em que o querer se alia ao permitir e formam uma força maior, o acreditar. Quando isso acontece passamos a confiar e tudo fica mais leve, mais sereno, mais natural. Deixamos de encarar os desafios como "desgraça", passando os mesmos ao patamar de aprendizado. Não importa que nos façam chorar ou sorrir, porque tudo faz parte. Importa que respires, porque respirar é vida e vida é o que, de maior riqueza temos. Viver é aceitar que tudo é mudança e que mudar é crescimento e evolução. Viver é aceitar tudo de coração aberto, sem precisar esquecer nada, apenas curar o que magoou ou magoa. É aqui que conhecemos a verdadeira liberdade. Passamos a não ter medo do escuro, porque ele deixa de existir. O que existem são caminhos mais ou menos iluminados e somos nós, que temos a capacidade de regular a luz através da nossa vibração, a fé. Respirar fundo e deixar-se levar. Sentir e deixar-se guiar. Contemplar e deixar-se cativar. Escutar e deixar-se encantar. Abrir os braços e deixar-se envolver. Deixar que o coração acolha cada cheiro, cada cor, cada brisa, cada olhar, cada lágrima, cada gargalhada. Deixar que o mais suave dos toques se transforme no mais profundo dos afectos. Deixar que cada pedaço de chão nos eleve e sustente cada um dos nossos passos. É chegado o momento, o teu momento.

Filomena de Paula

Agosto de 2016

Tempo


No passado sábado ouvi falar de tempo. Hoje partilho com tempo, sobre o tempo que vivemos, do tempo que esquecemos, do tempo que não é nosso e do tempo que nos ensina que o tempo na maioria das vezes, somos nós que o criamos. Usamos o tempo ou a alegada falta dele para o que não queremos, porque quando queremos não existe tempo que nos separe. Utilizamos o tempo para evitarmos falar com pessoas que há algum tempo se confrontaram connosco ou que simplesmente saíram sem tempo das nossas vidas. Se saíram, apenas o fizeram no seu tempo e o tamanho do tempo, tem para nós, apenas o tamanho da dor que sentimos, caso contrário o tempo seria natural, sem significados demasiado árduos ou a desculpa perfeita para ignorarmos nossos sentimentos e escondermos nossas emoções. Quando temos a capacidade de agradecer o tempo, que o tempo nos dá, todos os dias, fica tudo mais leve, sem criarmos distâncias, ausências, responsabilizando o tempo pelo tempo que ele não tem. Contabilizamos os segundos, minutos que dizemos que o tempo tem, para delimitarmos a vida que vivemos ou deixarmos de viver a vida que não somos capazes de ter. O tempo, esse maravilhoso aliado, apenas nos mostra que o fim e o início do tempo é aquilo que quisermos fazer dele e que sem o peso que lhe damos torna-se o parceiro perfeito para aproveitarmos o que de melhor a vida tem - vivê-la. 

Filomena de Paula

Julho de 2016

Medos quem os não tem


Medos, quem os não tem? Todos temos nossos medos. Chamamos-lhes coisas diferentes, usamos dezenas de palavras para os exprimir. Ansiedade, stress, raiva, mágoa, ressentimento, tristeza, depressão, culpa e tantas outras. Mas todas elas são apenas medos. Todos eles são legítimos e todos de alguma forma nos querem transmitir alguma coisa. Todos revelam em nós um lado frágil, sensível e na maioria das vezes são um sinal de alerta para algo que necessita ser curado, transmutado e libertado, é aqui que todos somos iguais. Quando temos essa consciência precisamos soltar a emoção que "esse medo" nos traz, depois cabe-nos a nós escolher ficar nesse lugar, encolhidos pela sensação de temor onde iremos somatizar tanta coisa que nos faz mal ou enfrentar, reconhecer, curar e seguir em frente, é aqui que fazemos a diferença no nosso dia-a-dia, no nosso crescimento e evolução. Convém salientar que muitas vezes alimentamos nossos medos com o "medo" de fragilizar e é aí que apenas os fortalecemos com crenças erradas, enraizadas em nós. Não, não precisamos "ter medo" de mostrarmos nossos medos. Precisamos apenas silenciar, aquietar nossos corações e sentir o que a alma tem para partilhar connosco. Enquanto não o fizermos seremos "atormentados" pelo barulho constante da mente e as vozes inquietas que circulam perdidas. Não precisas sentir-te inferior a ninguém pelos teus "anseios" ou por outra coisa qualquer, porque somos todos iguais. Uns apenas tem a coragem de os revelar e aceitar, outros escondem-se atrás ou dentro deles por acharem que assim estão protegidos pela vida fora, vivendo um faz de conta que poderá sair-lhes caro, debilitando o corpo, definhando a alma e entristecendo o coração. Servirá de "trampolim" cada um dos teus medos para que o salto que darás te eleve ao voo que tanto mereces. 

Filomena de Paula

Julho de 2016


Caminho de volta


Todos os dias fazemos um pouco o caminho de "volta". Todos dias caminhamos um pouco no desconhecido ou não. Todos os dias largamos bagagem, miragens e outras coisas mais. Todos os dias limpamos memórias, histórias e feridas. Todos os dias descobrimos que podemos fazer melhor, sem dor, sem expectativas. Aprendemos que o ar é indispensável, a sabedoria é inata e o amor somos nós. Todos os dias damos mais um passo, nesta jornada que escolhemos e da qual às vezes achamos que nos perdemos. Mas não, apenas nos desviamos, pelos atalhos onde precisamos aprender um pouco mais. Todos os dias aprendemos que o sorriso nos eleva, que a gratidão nos fortalece e que o choro faz parte para nos erguermos, sairmos do chão. Todos os dias percebemos que só quando sentimos, nos conhecemos. Que os trilhos são feitos de pão e rosas e são precisos ambos, para nos nutrirmos. Todos os dias fazemos um pouco mais o caminho de "volta". Na maioria das vezes sem termos essa consciência, renegamos as "pedras" quando elas fazem parte do trajecto. Às vezes elas apenas impulsionam aquilo que não temos coragem de fazer. Aproveita cada impulso e dá mais um passo. Teus pés serão movidos pela força do teu coração e a tua alma saberá bem quando estás no caminho certo. Não tenhas medo. O medo apenas te causa um sofrimento imenso e muitas vezes deixa-te ficar num lugar que não é teu. Deixa-te levar por cada passo, mesmo que não tenhas certezas. A dúvida faz parte. É ela que te faz escolher e é quando escolhes que colocas o amor em acção. Aí já nada te fará voltar ao mesmo lugar. Quando descobres essa força imensa que és em essência colocarás em cada passo a firmeza, a certeza, a força e o poder pessoal que estava adormecido. Quem te trouxe da fonte te guiará até ela. Tu mesmo. Todos os dias fazemos o caminho de volta. Boa jornada!

 Filomena de Paula

Junho de 2016

Ermitas


Há dois anos escrevi e partilhei esta reflexão que continua indiscutivelmente oportuna. Tornamo-nos ermitas dentro dos nossos casulos. Na maioria dos casos deixámos de conhecer o vizinho do lado, de desfrutar de uma bela refeição em família, de expressarmos um singelo bom dia, de reconhecermos cheiros, sons e afectos para nos deixarmos literalmente engolir pelo virtual. Seduzidos que estamos pelo IPad, IPhone, Tablet e outros tantos similares. A maioria das nossas crianças não imagina sequer como nascem e crescem os animais, habituados que estão a vê-los, humilhantemente, expostos em prateleiras, caixas de lojas e supermercados. Desconhecem o real valor de um afecto, porque afectos representam um novo brinquedo ou algo material. Renegam a terra por desconhecer o contacto com ela. Naturalmente que a tecnologia é algo maravilhoso, caso contrário não possibilitaria a ligação que cria neste momento entre mim e ti, não seria possível aproximar pessoas que, por diversas circunstâncias se encontram longe fisicamente, mas é também tempo de repensarmos nossos valores. Talvez se levantássemos os olhos do ecran, tirássemos os dedos do teclado algumas horas por dia, minimizássemos lacunas de diálogos saudáveis e voltássemos a usufruir dos sentidos, reforçando laços há muito perdidos. 

Filomena de Paula

Junho de 2016

Pelo apego que temos


Sofremos tanto pelo apego que temos a coisas e pessoas, sofrendo até pelo apego ao sofrimento. Sofremos tanto e na maioria das vezes nem nos damos conta que não é às coisas e pessoas que nos apegamos. É simplesmente ao que elas representam, as coisas e as pessoas. As coisas representam memórias, momentos, circunstâncias, do que fomos, bem e mal vivemos. As pessoas representam as expectativas que criamos, a transferência que fazemos e os esforços que depositamos em cada uma delas. Chamamos coisas diferentes ao apego, alegamos amor, amizade, paixão, revolta, raiva, injustiça, desilusão. Tantos outros adjectivos, predicados, substantivos que servem apenas para recriar um único sentimento, apego. Precisamos aprender abrir mão, na sua verdadeira intenção, de coisas e pessoas que apenas se tornaram densas memórias, quando apenas precisavam ocupar um espaço de memória saudável. Nenhum de nós gosta de perder. Mas será que perdemos? Como podemos perder ou ganhar se tudo não passa de algo ilusório, momentâneo, extemporâneo? Sentimentos maiores não causam sofrimento ao ponto de nos levarem à loucura de uma vida entregue a memórias. Então e o amor pelos pais, pelos filhos, pelo melhor amigo ou amiga, pelo animal de estimação? Deixo de sentir, deixo de os amar? Nada disso. Amor é algo sublime que transcende a emoção de um abraço, de uma presença física. Sim sentimos tristeza, choramos, ficamos quietos no nosso canto, vivemos o luto e depois deixamos ir. Ficará a lembrança de tudo que aprendemos, das inspirações que tivemos, dos sorrisos trocados. Ficará a memória saudável, sem o peso do apego, do que é "meu", do que me faz sofrer, da dependência emocional criada. Sofremos tanto pelo apego que criamos e não é fácil "deixar ir" quem amamos. Mas quem ama liberta, abre espaço, respeita a decisão tomada. E coisas são apenas coisas, não precisam transportar memórias que nos apertam e inquietam. Momentos são momentos e há tantos outros que vivemos em cada dia. Experiências, vivências, trocas e partilhas sem o peso gerado pela cobrança, culpa e expectativa. Encantaríamos nossos dias sem esse peso-pesado que criamos pelo medo, seja ele do que for. Porque o que nos faz sofrer é sempre o medo, nunca o amor. 

 Filomena de Paula

Junho de 2016

Coragem de Curar

(trecho do livro Passo a Passo-Um olhar sobre o desenvolvimento pessoal e a espiritualidade


....Ter coragem de curar é talvez o mais perfeito pilar de sustentação para a nossa evolução, para o nosso crescimento. É neste vocábulo tão pequeno que se incluem o auto-perdão, o perdão, a aceitação e a libertação. Diz-me a experiência pessoal que só quando percebemos isto damos inicio à verdadeira caminhada. Não se pense que depois disto tudo fica feito. Nada disso. Este é apenas o começo de um processo contínuo onde o aprendizado é uma constante. Naturalmente que vamos afinando cordas, reformulando acordes, compondo novas melodias e é bem possível que surjam canções bem mais suaves ou pautas de notas bem alegres, mas continuarão a surgir desafios, alguns provavelmente bem dissonantes, mas a maneira como os vamos encarando fará toda a diferença. Com o passar do tempo teremos a sabedoria de saber quando parar, silenciar, para que os sons da alma respirem mais forte....

Filomena de Paula

Junho de 2016


              Por amor

  • Não te coloques num lugar que não é teu. Isso vai trazer um peso desmedido á tua existência. Vai fazer-te viver uma vida que não te pertence, carregar experiências que não são tuas, assumir responsabilidades baseadas em informação que recebeste. Com amor cuida de ti, aceitando o que foi, o que é. Só assim abrirás caminho para o que é verdadeiramente teu. É claro que na maioria das vezes assumimos tudo isto de uma forma inconsciente. Mas sabes, existe sempre forma de nos libertarmos dessas memórias que tomam contam de nós, apenas por desconhecimento ou necessidade de aprovação, de sermos os melhores perante os outros. E não existe nenhuma forma de agradar a ninguém, quando nos perdemos de nós. Quando não temos amor-próprio não poderemos esperar que tenham por nós amor. O amor, parte de nós por quem somos, só assim estaremos habilitados a dar de nós. E quanto mais nos amarmos, maior será a possibilidade de resgatarmos o que nos pertence, respeitarmos a nossa história e todos aqueles que fizeram e fazem parte dela. Não precisas ter medo de ti, de ir fundo, de o fazer quando apenas te sentires preparado. Está tudo certo e estará sempre tudo certo. Sem culpas, sem julgamentos, isso é apenas criação tua e é quando entras nestas vibrações que sentes do outro, o mesmo que sentes por ti. Talvez me digas que não saibas o que fazer, como fazer, mas acredita que sempre sabemos. A nossa alma sabe sempre o que é melhor para nós. Somos nós que com medo, do que desconhecemos, afastamos os sinais que ela nos vai dando. Mas quando sentires o "chamado", irão desaparecer os medos que te impedem de avançar, porque é chegado o momento de dar mais um passo. Mas por favor, quando olhares para dentro de ti, fá-lo com Amor. 
  • Filomena de Paula
  • Junho de 2016
  • Exalta o coração

  • Se sentes, não deixes de o mostrar. Mesmo que seja desconfortável não fiques no silêncio. Importa que o verbalizes, pois nem sempre o outro será capaz de receber a mensagem se não fores assertivo. Não necessitas entrar em conflito com ninguém, mas garanto-te que se não verbalizares o que sentes entrarás em profundo conflito contigo mesmo e isso far-te-á adoecer. Ficarás na tristeza, na mágoa, na raiva e todos esses sentimentos irão enrugar o teu corpo físico e intoxicar o teu corpo emocional. A vibração que carregarás irá infectar o teu corpo energético ou espiritual. Não deixes que a tua alma se deixe amarfanhar pela tristeza do teu coração. Ela não merece, tal como tu não mereces adormecer o mais belo sentimento que tens em essência. O maior sentimento e o único que te eleva, o Amor. Começa por te amares profundamente, sem condicionantes, sem mas, sem talvez. Isso não existe. Jamais amarás pela metade ou assim-assim. Se o fizeres também o outro te amará nessa vibração. Respeita-te, só quando o fazes os outros te respeitarão. Jamais exijas do outro aquilo que não consegues dar a ti mesmo. Não faças de conta, pois isso só aumentará a tua "quota" de peso emocional. Não feches nada em gavetas ou armários pois arriscas-te a que um dia a gaveta e o armário abram intempestivamente por falta de espaço. Só quando falares abertamente do que te magoou ou desconforta estarás a dar o primeiro passo para a cura. Não existe isso de perdoar mas não esquecer, é apenas utopia ou o não já não querer falar do assunto. Sim não deves alimentar nada que não te faça bem, se o fizeres só estarás a dar um poder que o assunto não tem. Por isso é importante que fales, que digas, que grites e depois respires fundo e sigas o teu caminho. Se não o fizeres e andares a "remoer" o que sentes, ai sim estás a aumentar a força de algo que tem apenas o poder que lhe deres. Não cales as tuas emoções. Sentir é algo inerente ao Ser, por isso sente, sente muito e verás como o teu corpo se ergue e se liberta. Exalta o coração, sabe melhor e bem quem o aprende a escutar.
  • Filomena de Paula
  • Junho de 2016


Desfruta, cresce e aceita


Não te atropeles pela velocidade dos teus pensamentos. Eles têm essa capacidade quando tu lhes dás corda. Sim és tu que permites que isso aconteça. Depois ficas na corda bamba sem saber que direcção tomar. Se a mente estiver agitada, pára, respira e deixa fluir. A seu tempo o teu coração irá filtrar o produto dessa máquina fascinante que é a tua mente e tu vai senti-lo na perfeição. A tua alma ficará encantada e dará sinais. Mas eu não sei escutar a minha alma, dir-me-ás! Sabes sim, sempre sabemos, precisamos apenas aprender a estar atentos ao desconforto ou conforto que sentimos perante alguma situação ou alguma pessoa. Isso vai fazer-nos "cair a ficha". Depois de ela cair, precisas apenas colocar em marcha o que faz o teu coração vibrar. Não tomes decisões sobre pressão, não vai correr bem. Aproveita cada segundo com a certeza que esse é sempre o melhor momento. Deixa fluir, a vida é mestre na arte de te desviar do que não é importante para ti, mesmo que sintas que não. O que te faz não acreditar é a tua resistência em sair muitas vezes do lugar onde te encontras, do que julgas ser a tua zona de conforto. Mas sabes uma coisa, não fiques preocupado, somos todos iguais. A questão aqui é irmos tomando consciência do que a vida nos quer dizer a cada instante, para não nos desviarmos do traçado original. É curarmos a ferida para que ela não volte a abrir. Todo este processo nem sempre é fácil, nem sempre é linear, mas só há uma maneira de o colocar em marcha, fazendo. Fazendo com amor porque só o amor transforma, fortalece e enaltece. Não tenhas medo, tudo está bem, tudo está certo. Lembra-te que tu mesmo escreveste a tua história muito antes de seres consciência física. Apenas a tua mente não o sabe. Desfruta, cresce, aceita cada aprendizado e prepara-te para o maior de todos os feitos, o teu maior compromisso, seres feliz.

Filomena de Paula

Maio de 2016

O teu despertar


A cada amanhecer como está o teu olhar? E não te falo apenas dos teus olhos, falo-te também de um olhar mais profundo, mais inteiro, mais essência. Falo-te do teu coração. Como é o teu despertar a cada manhã? A maneira como recebes cada dia, é apenas o reflexo de como recebes a vida. Tens pela frente vários desafios? Alguns deles provavelmente são mais desafiadores que outros. E então? A vida não é feita de desafios? Reclamas de quê? Da possibilidade que tens de os enfrentar, contorná-los ou resolvê-los? Coloca o teu mais belo sorriso, respira fundo que tudo dará certo. Mesmo que os resultados não se aproximem do que querias, eles dar-te-ão, assim o permitas, um certeiro aprendizado. Numa primeira deixa a oportunidade de fazeres diferente. Depois e dependendo da profundidade que estás disposto a mergulhar em ti, virão outras respostas. É trabalhoso? Sim é. É bem mais fácil ficar no queixume, azedar o coração, culpar tudo e todos. Vai sempre depender de ti, do que te move, do lugar onde estás e onde queres ficar. O que fizeres para ti o estarás a fazer .  

Filomena de Paula

Maio de 2016



Mergulha em Ti


Fica atento. Se o fizeres vais perceber os sinais. Um sintoma tem sempre uma causa. O teu corpo físico vai denunciar sempre o que está menos bem com o emocional. Podes até arranjar desculpas, podes encontrar sempre uma razão para uma dor aqui ou ali, podes até distrair-te, camuflá-la, anestesia-la, mas ela continua a ter uma razão de existir. Fica atento, presta bem atenção. Se te silenciares, a resposta a tudo isso vai chegar. Se fores fundo no teu processo de crescimento vais aprender a sentir os sintomas que te surgem de forma diferente. Vais aprender a olhá-los como um sinal de alerta de que algo não está bem. Não é um caminho fácil, são muitos anos a ignorar os sinais. Muitos anos levados por crenças limitadoras, a castrares a tua verdadeira essência, a desconhecer o que a tua memória escondida alberga, a ignorar até que a nossa memória maior é inconsciente e que é nela que guardamos todos os padrões, tudo aquilo que não queremos lembrar, que desconhecemos. É quando mergulhamos fundo nesse universo e nos entregamos com amor que acedemos ao melhor de nós, limpando tudo o que ofusca a nossa alma e nosso propósito de vida. Por isso te peço, fica atento. Recebe com humildade o que o teu corpo físico te quer dizer, ele está apenas a direccionar-te para o que a tua alma pretende de ti e que até agora te tem fugido por entre os dedos como areia fina. Com o tempo o equilíbrio dos teus corpos será possível, mas só se prestares atenção aos sinais. Talvez seja já tempo de deixares de te macerar e massacrar pela culpa, pelo desamor, pela tristeza. Por isso recebe o que te chega em amor, transforma o que te incomoda e inquieta em amor, transmuta pelo amor. Assim honrarás quem de verdade és! 

Filomena de Paula

Maio de 2016

Leça da Palmeira
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